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            Celas demarcam nossos espíritos e corpos. Corpos flagelam-se em celas. Celas do cotidiano, celas sistêmicas que alienam nossas almas ancestrais. Essas celas capturam meu espírito como capturam o seu espírito. E você? Sente, vê e resiste? Ou apenas se deixa levar pelas correntes- organóides? Estas que não são apenas um apêndice do corpo, mas já são quase membros de tantas almas!

            As celas que apresento nesta exposição são transubstanciações do meu ser-sentir artista preto em meio aos jogos e estéticas da colonialidade. As minhas celas são falas do meu espírito em angústia. Angústias que se transmutam em imagens que nascem do gesto, da ação do corpo e que levam à corporeidade os meus gritos decoloniais.

            Na decolonização dos meus sentimentos, nas nascentes das minhas cosmossensações insurgem meus horizontes bipolares, paisagens em deslocamento. Deslocamentos que repousam em alguma forma de paz, uma paz das flores de pequizeiros flutuantes em ares praieiros. De certa forma, uma paz que poderia ser morte se não fosse resiliente quem brota nos sertões dos Montes Claros.

           

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Anjo, donde estás Matheus?
Acrílica e pastel oleoso sobre tela,
100cmx70cm,
Fortaleza, 2012.
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Tumbeiro - Díptico.
Acrílica sobre tela,
131cmx91cm,
Fortaleza, 2014.

Tumbeiro é uma das primeiras obras do meu desterro cromâtico-sensitivo. É fruto das cosmossensações que habitam meu espiríto de afromontesclarense em diáspora nesta capital litorânea. É uma representação da sensação tanatológica de ser carregado nos grandes balaios de aço e plástico que balançam nossas forças vitais, minando-as, como faziam os tumbeiros de outros tempos. Nossos corpos transladados daquele para este se defiam geração após geração de exploração.

Praia, fuleco e outras felicilicidades do cidadão de bem. (3).jpeg
Praia, fuleco e outras felicidades do cidadão de bem
Acrílica e areia de praia sobre tela,
120cmx80cm,
Fortaleza, 2021.

"Praia, fuleco e outras felicidades do cidadão de bem" começou a nascer em 2013, no conturbado contexto das manifestações que iniciaram a conturbada virada política da qual um dos resultados é o atual estado de coisas no qual se encontra o país. Já vivendo em Fortaleza, passei por uma virada estética. Absorvi às minhas necessidades expressivas elementos novos que passaram a compor parte da minha gramática visual. A areia, o mar, o contraste entre os corpos e as paisagens, a solidez das formas iluminadas e, em muitas horas aos meus olhos, compactadas pelo peso da luz. O futebol, a praia, a cerveja ou a cachaça, consumamos ou somos consumidos pela obrigação de nos sentir tristemente felizes. Na minha virada estética a expressão das minhas acepções éticas.

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Irmãos siameses em repouso na "ponta da praia".
Acrílica e areia de praia sobre  tela,
36cmx90cm,
Fortaleza, 2021.
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Navegante. Acrílica e colagem sobre tela,80cmx80cm,Fortaleza, 2021.
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Pintura de mal gosto ou inominável catarro
Acrílica e colagem sobre tela,
70cmx50cm,
Fortaleza, 2021.
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Educação cívico militar ou esperança na resiliência
Acrílica sobre tela,
70cmx50cm,
Fortaleza, 2021.

Os horizontes bipolares são composições que, antítese das celas, possibilitam deslocamentos do meu espírito em fruição a partir da presença corpórea diante de cada paisagem exposta. A bem da sinceridade, são horizontes multifacetados pela minha necessidade de romper com as celas da minha própria colonialidade. Ao encontrarem-se no mesmo espaço-tempo nessa galeria, as duas séries de pinturas confrontam-se e complementam-se num processo de congraçamento de energias vitais, como é o próprio processo de congraçamento dos espíritos colonizados e o cosmos.

Paisagem em deslocamento nº 1 _edited.jpg
Paisagem em deslocamento nº 1 - o eu-ser-tão suspenso em areal.
Acrílica sobre tela,
30cmx40cm,
Fortaleza, 2021.
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Paisagem em deslocamento nº 7- o eu-ser-tão suspenso em areal noturno. Acrílica sobre tela,30cmx40cm,Fortaleza, 2021.
paisagem em deslocamento nº 4 - flor de pequizeiro não vinga pela beleza da praia_edited.j
Paisagem em deslocamento nº 2 - Flor de pequizeiro não vinga em areal.
Acrílica sobre tela,
65cmx90cm,
Fortaleza, 2021.
paisagem em deslocamento nº4 - Corpo estranho na mata seca_edited.jpg
Paisagem em deslocamento nº 3 - Desejo em mata-seca.
Acrílica sobre tela,
30cmx30cm,
Fortaleza, 2021.
Paisagem em deslocamento  nº 6 - corpo estrano na mata-seca.jpg
Paisagem em deslocamento nº 4 -Desejo em mata-seca noturna. Acrílica sobre tela,20cmx25cm,Fortaleza, 2021.
Paisagem em deslocamento nº 3 _edited.jpg
Paisagem em deslocamento nº 5 - Distâncias.
Acrílica sobre tela,
30cmx40cm,
Fortaleza, 2021.
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Paisagem em deslocamento nº 6 - Luzes da cidade ou punhal aos meus olhos.
Acrílica sobre tela,
40cmx50cm,
Fortaleza, 2021.
A16doispontos20_edited.jpg
A16doispontos20_edited.jpg
Apocalipse 16:20 - Perspectiva alternativa
Acrílica sobre tela,
30cmx30cm,
Fortaleza, 2021.
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Cromosdolores em suas causas impossíveis.
Acrílica sobre tela,
80cmx120cm,
Fortaleza, 2021.
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Exposição física na Galeria Via Sul Shopping (térreo).
Curadoria: Silvano Tomaz.
De 16 de setembro à 16 de outubro de 2021.
Av. Washington Soares, 4335 - Lagoa Sapiranga.
Fortaleza/CE.
 
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